Certo dia um dos anjos guardiões da criação aproximou-se do Oníbodè-òrun (que quer dizer porteiro do céu) e disse:
-Olá, Oníbodè, como vai? Houve alguma mudança nas determinações do Senhor Meu Pai Olorum? (Olorum é o Senhor do Orum, Deus)
O Oníbodè que segue à risca as determinações de Olorum e só deixa entrar no céu os espíritos merecedores dessa graça, um tanto espantado, disse:
-Porque andei vendo alguns espíritos menos luminosos circulando por aqui - respondeu o anjo. E nem bem ele havia acabado de falar, passou por eles um espírito um pouquinho "acinzentado".
O Oníbodè - acompanhado do anjo - imediatamente pôs-se a percorrer os limites do òrun para saber se havia alguma entrada clandestina, já que pelo seu portão nenhum espírito menos luminoso havia passado.
E qual não foi a sua surpresa quando encontrou num canto bem afastado, uma escada colocada por cima do muro que limita o orum e no pé dessa escada, Iemanjá e Oxum, ajudando espíritos menos luminosos a entrarem no òrun.
Mulher é assim mesmo, sempre dá um jeitinho de perdoar, de deixar passar, de ver o lado bom, de acolher.
Esse é o lado feminino de Olorum e é a esse lado, à Grande Mãe, que homenageamos, todas nós que somos suas expressões vivas.