Minha Opinião
A diversidade da Umbanda traz uma infinidade de vantagens, principalmente a liberdade que têm os dirigentes de marcarem seus Terreiros pela sua própria filosofia, o que a torna interessante e diferente das demais.
Esse é o ponto positivo. Por outro lado, a nítida e desrespeitosa falta de ética dos dirigentes já está arrancando de muita gente olhares de soslaio para o até então incomum procedimento religioso.
Voltando à Umbanda, o dirigente ético é o que pratica a religião sem ferir a moral básica de qualquer actividade espiritual e respeita os limites de acção dentro das divisas de seu Terreiro. O que acontece fora não lhe diz respeito e ele sabe disso.
O que não tem ética, ao contrário, vive bisbilhotando os Terreiros alheios; bota medo nos consulentes para explorá-los financeiramente; ao invés de demonstrar sua capacidade para trabalhar correctamente, procura se enaltecer apontando os defeitos das outras casas e faz pouco caso dos outros dirigentes; gosta de se exibir querendo mostrar ser entendido; quer ser sempre o melhor e gosta de se dizer chefe, esquecendo-se que o líder é escolhido e não imposto; quando tem oportunidade de conversar com os médiuns de outros Terreiros sempre levanta suspeita sobre a qualidade da eficiência do trabalho do dirigente; faz trabalhos para assuntos amorosos cobrando quantias altíssimas por isso; despreza a necessidade de seus filhos de corrente; não respeita a privacidade de seus consulentes; envolve-se amorosamente com médiuns de sua corrente, alicia médiuns de outros terreiros na tentativa de trazê-los para o seu. Esses dirigentes sabem que estão errados e por isso não merecem perdão.
Mencionei esses itens, mas existem muitas outras situações que os dirigentes ferem totalmente qualquer principio ético. Enumerá-los não vai trazer solução prática. É só uma citação.
Codificar a Umbanda seria um desastre, mas quem sabe uma mega reunião envolvendo federações e confederações para serem criados fundamentos básicos e mínimos para o bom comportamento da religião fosse uma solução para por um freio nesses absurdos. Ninguém pode proibir que aconteçam os exageros, principalmente porque isso faz parte de qualquer religião. Mas uma conscientização pública iria com certeza alertar nosso povo que não deve se deixar explorar por essa gente.
Essa é a Minha Opinião!
Pai Fernando do Terreiro do Pai Maneco
Texto do site de Pai Maneco
Sebastián de Covarrubias, “ A inveja”, gravura, Século XVI
Segundo o dicionário: s.f., do Latim Invidia. Misto de pena e de raiva; sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem; desejo de possuir aquilo que os outros possuem.
Para a Igreja Católica: Se opõe ao Décimo Mandamento (Não cobiçar as coisas alheias). Aparece pela primeira vez no Genesis, na história de Caim e seu irmão Abel.
Em uma história judaica: Um discípulo questionou os rabinos a respeito da passagem no Genesis: “Agradou-se o Senhor de Abel e sua oferta, ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, e descaiu-lhe o semblante. Então lhe disse o Senhor: por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? “
Responderam os rabinos:
” Deus deve ter perguntado a Caim: por que andas irado? Foi porque não aceitei tua oferenda, ou porque aceitei a oferenda de teu irmão?”
Para o jornalista Zuenir Ventura: Os verbos associados a ela (inveja) são corrosão, destruição. Ao mesmo tempo, é preciso encarar a inveja como uma reação humana. Todos os teóricos da inveja acham que a melhor maneira de lutar contra ela é assumir que todo mundo a tem, em graus diferentes.
Para o escritor Giovanni Papini: A melhor vingança contra aqueles que me pretendem rebaixar consiste em ensaiar um vôo para um cume mais elevado. Talvez não subisse tanto sem o impulso de quem me queria por terra. O indivíduo verdadeiramente sagaz faz mais: serve-se da própria difamação para retocar melhor o seu retrato e suprimir as sombras que lhe afetam a luz. O invejoso torna-se, sem querer, o colaborador da sua perfeição.
A inveja e a ética: Para o cientista e pesquisador Dr. William M. Shelton, a inveja é uma reação provocada por pessoas fracassadas, que buscam evadir-se da realidade escondendo-se por detrás de uma cruzada visando restabelecer “valores morais”, “ideais nobres”, e “justiça social”. A situação ganha uma dimensão perigosa quando o sistema escolar começa a desenvolver no aluno o condicionamento para desprezar todos aqueles que conseguem ser bem-sucedidos, atribuindo sempre qualquer êxito à corrupção, manipulação, e degradação moral. Como a busca do sucesso é algo inerente à condição humana, os estudantes terminam em um processo esquizofrênico de odiar justamente aquilo que os levaria à felicidade, aumentando desta maneira as crises de ansiedade, e diminuindo a capacidade de inovar e melhorar a sociedade.
Satã e os demônios: Os demônios vieram reclamar com o Príncipe das Trevas. Há dois anos tentavam determinado monge que vive no deserto. “Já lhe oferecemos dinheiro, mulheres, tudo o que temos em nosso repertório, e nada funcionou.”
- Vocês não conhecem direito o trabalho – respondeu Satanás. – Venham ver como se deve agir em um caso desses.
Voaram todos até a caverna onde o monge santo vivia. Ali, Satanás sussurrou no seu ouvido:
- Seu amigo Macário acaba de ser promovido a bispo de Alexandria.
Imediatamente o homem blasfemou contra os céus, e perdeu sua alma.
Comentário do Tao Te King: Os sábios perfeitos da Antigüidade eram misteriosos, sobrenaturais, penetrantes, profundos demais para serem compreendidos pelos homens.
Eram atentos como o homem que cruza o tormentoso rio em pleno degelo depois do inverno. Prudentes como aquele que é hóspede de alguém muito cerimonioso. Evanescentes como o gelo ao derreter. Despretensiosos como a madeira bruta que não recebeu qualquer forma das mãos humanas.
Quem pode, pela serenidade, purificar, pouco a pouco, o que é impuro? Quem pode tornar-se calmo e assim para sempre permanecer? Aquele que segue o Caminho Perfeito não deseja estar cheio de coisa alguma.