A minha posição, em relação à religião, era de pensar que a mensagem contida nelas estava completa.
Foi assim, durante anos. Mais recentemente, e ao refletir sobre o assunto, percebi que não era assim, por várias razões.
Em primeiro lugar, pelo facto incontestável de saber que Deus é Vida.
Ora, assim sendo, toda a vida envolve Comunicação. E, em toda a comunicação entre seres vivos, deduz-se que haja evolução.
Ninguém fala sempre do mesmo assunto. As conversas evoluem, abrem-se, aprofundam-se… pelo menos, as sérias.
As novas tecnologias abrem-nos um novo mundo de comunicação, entre religiosos e o público, e este imenso mundo de interação abre a Umbanda para uma nova evolução.
Assim sendo, e para mim, as conversas com o Céu também evoluem.
Nós, meros seres humanos, não podemos ter a pretensão de nada. O Céu, para mim, é sinónimo de infinito. Talvez porque Deus é infinito.
A Umbanda para mim não é, nem nunca será uma Religião cristalizada, e sim Infinita, com uma base doutrinária muito forte e consistente, mas com Evolução Espiritual e de Comunicação.
Aquilo que me apercebo actualmente na nossa querida Umbanda, é que neste momento se está a proceder a uma evolução da sua forma de crescer e de evoluir, e principalmente uma grande evolução comunicacional. E, esta evolução atinge directamente todos os que procuram na Umbanda a sua evolução espiritual.
Com o actual desenvolvimento comunicativo que a Umbanda teve em Portugal, a posição de muitos portugueses é igual à que aconteceu há dois mil anos atrás – desconfiança. Esta, pelo que já foi dito atrás, não tem razão de existir, se mantivermos o nosso espírito receptivo e acreditarmos que a verdade não está só na nossa mente, mas também no nosso coração/intuição, ou o que lhe queiram chamar.
Mas, como tudo o que envolve o ser humano, há que ter cuidado…
Sabemos que há por aí muita falsidade, com que faz que muitas pessoas tenham receio de conhecer a Umbanda, pois ela é lhes apresentada como um monte folclore e de ritualística bastante complexa, para que sempre exista algo inatingível e secreto, mas a minha opnião é que a Umbanda há muito tempo, já se tornou Ecumênica (um conjunto religioso diverso e plural), mas parece que a soberba e o dogmatismo de ser ou estar acima do outro, de deter a verdadeira verdade ou de se deixar acreditar que se tem a verdadeira verdade, está destruindo uma esperança de união.
Se não entendermos as modificações acontecidas na Umbanda ao longo destes 103 anos (essas transformações, essa evolução), nunca conseguiremos nos ver como um todo, nos respeitar como um todo, nos aceitar como parte desse todo que mudou e evoluiu: plural e diversificado.
Se o próprio Cristianismo se modificou se transformou, se ramificou em diversas crenças, em várias religiões Cristãs diferentes, porque seria diferente com a Umbanda?
A Umbanda é uma religião ecumênica, diversa e plural. E só iremos alcançar uma união de fato e de direito quando todos nós nos sentirmos como membros dessa diversidade e dessa pluralidade; num ecumenismo sem fronteiras para a espiritualidade.
Um contexto religioso onde não há Papas, Potestades com a única e verdadeira verdade, onde não há uma única doutrina codificada, mas diversas doutrinas irmãs e correlatas dentro de princípios básicos de Amor ao próximo, Paz, Harmonia, Evolução e Fraternidade.
É assim que vejo a Umbanda no seu todo e espero que um dia nos possamos unir despindo-nos do fantasma do dogmatismo, da exclusão e do preconceito.