Encontrei este pequeno trabalho, que achei muito interessante, ele fala sobre a epopeia dos "Andantes da Vida".
E neste texto encontrei alguma similariedade com um determinado publico assistente nos Terreiros de Umbanda; que são os "Andantes de Terreiros".
Os “Andantes de Terreiros” que são uma classe de Errantes que sempre rodam os terreiros de Umbanda, á procura de algo espiritual que nunca irão encontrar.
Pois como dizia um Pai de Santo ..."Umbanda não é pa Néguinho...é pa Negão".
E reparei pela minha experiência que essas pessoas que são “Andantes de Terreiro” só querem SER, mas infelizmente, muito antes de estarem preparadas, e muito antes de SABER, para realizarem essa linda missão que é o Sacerdócio na Umbanda, mas para isso, deverão realmente SENTIR o que significa Umbanda como Religião e não como manifestação folclórica.
Bom, vamos ver em que se baseia este Estudo:
Este estudo baseia-se no movimento dos (minha nota: i ) migrantes brasileiros, despojados de sua terra, de sua cultura e das formas de convivência com as quais se afeiçoaram, para irem se colocar em outras cidades (minha nota: ou paises).
Parte destes andantes depositaram suas esperanças e seus pedidos na Umbanda, nem sempre se convertendo, embora ali tivessem encontrado soluções ou encaminhamentos para seus problemas de trabalho, saúde, moradia e segurança. ...Depoimentos colhidos pelo autor mostram a dor, a luta e o arrimo que os errantes encontraram nesta andança. O "andante" descobre a Umbanda.
Em fins de 1963, fui informado por Alípio dos Santos, biscateiro, ex-trabalhador rural que, na "Tenda de Umbanda São Jorge" de Dona Lurdes, aparecia, numa ou noutra reunião, "gente de fora", isoladamente ou em pequenos grupos, e que ele denominou de "andantes". Eram, pois, os migrantes rurais, de passagem ou já, dalgum modo, fixados na cidade que ali se faziam presentes e carentes de soluções para os seus problemas. A partir de 1964, passei a freqüentar a referida tenda interessado, exclusivamente, em acompanhar o migrante e inteirar-me dos seus problemas a fim de saber se, na Umbanda, lhe seriam abertas as vias para acomodação e ajustamento social. Precisamos enfrentar, de início, algumas dificuldades para discernir quais os grupos de migrantes e os outros grupos de freqüentadores. Dona Lurdes tinha uma lista dos sócios contribuintes, dos nomes dos cambonos e das filhas de santo, porém, dos outros, dos simples freqüentadores necessitados de ajuda espiritual, apenas os nomes, nem sempre completos, registrados em cadernos assim como os seus pedidos.
Nenhuma indicação sobre a sua situação profissional, seu lugar de origem e outras informações identificadoras.
Interpelada a respeito, ela me respondeu: "Quem vem aqui eu recebo. Tudo é filho de Deus. Não fazendo bagunça na minha Tenda, eu atendo e ajudo. Desordeiro a gente atropela, os respeitadores nós ajudamos e o resto não interessa".
Não bastava, portanto, freqüentar assiduamente as reuniões semanais daquela Tenda e a solução, que me pareceu a mais acertada, foi a de acompanhar de perto os freqüentadores, travar com eles laços de conhecimento e intimidade, estabelecer grupos de amostragem que se renovavam de quando em quando, ao sabor da mobilidade desses grupos e ir anotando, quando não roubando, os seus pedidos, tanto os registrados em bilhetes deixados no pegí, como os consignados em cadernos reservados pela mãe de santo.
Isso exigiu paciência, o trabalho de muitos e muitos meses e deu certo: o migrante, numa das fases da sua colocação na cidade, recorre à Umbanda ou a outras agências similares; nem todos os "andantes" são migrantes; nem todos os migrantes são provenientes de áreas distantes e nem percorreram diversos Estados; eles vêm, inclusive, das fazendas da região, e, finalmente, nem todos os migrantes são simples trabalhadores da lavoura desempregados: há os migrantes de prestação de serviços urbanos - pedreiros, carpinteiros, mecânicos... Uma realidade que nem sempre é apanhada pelo pesquisador. O migrante, assim como a maior parte dos que procuram a Umbanda, tem motivos e interesses bem definidos e específicos à sua situação; é, por isso, muito importante que se observem os seus pedidos, sendo, também, imprescindível, que paralelamente se considerem os depoimentos anexos, que nos desvendam necessidades mais profundas.
O migrante não se converte à Umbanda.
Há alguns casos de migrantes que, ajustados a profissões urbanas, se tornaram umbandistas. O migrante aceita a Umbanda na medida em que ela o auxilia a solucionar seus problemas de trabalho, moradia, segurança da família, saúde etc. Mas a Umbanda é simplesmente uma agência mágico-religiosa que, apesar das Federações Umbandistas, não se configura ainda como Igreja e, por isso, não pode oferecer um quadro auxiliar de assistência ampla aos seus participantes, fora das actividades na Tenda, e nem pode acompanhá-los nas vicissitudes diárias de cada um, a não ser pelas recomendações a que se recorram aos banhos de defesa, aos ebós, à queima desta ou daquela vela... A Umbanda não organizou irmandades, confrarias ou simples associações de crentes, no interior das quais o convívio, limitado apenas aos encontros semanais na Tenda, fosse mais constante, mais abrangente, mais profundo, informal e destituído de qualquer conotação utilitarista (posso mesmo ousar dizer, com o sagrado) e propiciador do reencontro do espírito comunitário, da satisfação à pulsão de estar junto...
Ingressado na experiência umbandista, o andante traz, dessa passagem, pelo menos, uma perspectiva renovada de otimismo quanto às questões mais prementes de sua vida diária. Apoia-se, para tanto, nas práticas e nos ritos que ele pode, pessoalmente, observar sem a necessidade de retornar às Tendas.
Aceita-os com tranqüilidade: esses ritos e práticas, implícita ou explicitamente, conservam traços, também, do velho catolicismo de folk e da feitiçaria tradicional e difusa (que não de sua experiência e do seu conhecimento) anteriores à passagem umbandista.
Em suma, psicologicamente, o volante (ou migrante) rearmou-se para enfrentar algumas crises cotidianas. De qualquer forma esse andante, continua inseguro: circulará pelos centros espíritas e pelos falsos Pais e Mães de Santo.
E, dessa maneira, subsistem os males mais íntimos e incuráveis com paliativos mágico-religiosos.
Autor desconhecido.
Histórias extraordinárias que desafiam a lógica e a ciência. A nova série do Jornal da Band traz a história de pessoas que perderam os sinais vitais por algum tempo e garantem ter visto e ouvido coisas que jamais esquecerão.
Mesmo em coma, uma empresária se lembra de tudo o que aconteceu no hospital. O medalhista olímpico Lars Grael também afirma ter passado pela mesma experiência. Depois do acidente que levou à amputação de sua perna, o atleta afirma ter visto o atendimento médico fora do seu corpo.
Entre todos os terreiros espalhados por este país e pelo mundo, podemos encontrar casas cheias de “médiuns”, todos, ou quase todos, presentes no dia de sessão, afim de cumprir, por mais uma vez sua missão.
Entretanto, podemos identificar facilmente dois grandes grupos de Umbandistas:
O UMBADISTA VERDADEIRO e O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA.
Apesar de ser impossível verificar apenas na aparência em qual grupo determinado médium se encontra, as atitudes, os pensamentos, a preparação do adepto deixa claro sua classificação. Essa classificação deve ser feita intimamente por cada um que se diz “Umbandista”, colocando em uma balança seus atos.
Mas, genericamente, podemos defini-los dessa forma:
O UMBADISTA VERDADEIRO , não deixa de ser umbandista quando os atabaques do terreiro silenciam. Ele continua vivenciando sua religião mesmo fora do templo sagrado. Pois sabe que é aqui fora que se deve por em prática todo o ensinamento dados pelos guias na sessão.
O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA, além de reclamar da duração do trabalho, pois é cansativo ficar em pé algumas horas a cada semana, ou a cada quinze dias, deixa de ser umbandista com o término dos trabalhos. Não vê a hora de ir embora e voltar para sua rotina habitual. Quando indagado sobre sua religião, tem vergonha, esconde, mente ser de outra, e não faz questão nenhuma de por em prática aquilo que aprendeu.
O UMBADISTA VERDADEIRO é aquele que se orgulha de sua religião, não teme assumi-la publicamente, ou ajudar aquele que precisa. É aquele médium interessado, que sempre busca aprender mais, questionar mais, buscando compreender melhor como funciona sua religião e a espiritualidade.
O UMBADISTA VERDADEIRO tem amor à sua casa religiosa, pois entende que é nesse solo sagrado que seus Orixás e seus guias se manifestam, além de ser uma escola onde desenvolve sua mediunidade e aperfeiçoa sua moral. Busca auxiliá-la em tudo que precisa, tem zelo, tem capricho.
O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA lembra-se de seu terreiro apenas nos dias de sessões, e não se preocupa se tudo está em ordem, ou se a casa encontra-se em bom estado, pois, apenas quer “ficar” aquelas horas ali e ir embora.
O UMBADISTA VERDADEIRO conta os dias para que chegue a próxima sessão. Programa sua vida incluindo os dias de trabalho, para que nenhum evento ocorra nesse dia, pois, trata-se de um dia sagrado. E quando chega o dia, o Umbandista verdadeiro desde o momento em que acorda, já está em sintonia com o astral superior, evitando o consumo de bebidas alcoólicas e fumo e fazendo seu banho de descarga, pois sabe que os irmãos espirituais já estão agindo em seu templo e em sua matéria. Precisa estar bem, para socorrer aqueles que lá estarão precisando de auxílio.
O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA quando nota que naquele fim de semana terá sessão, já faz cara feia e pensa “não acredito, isso de novo! Nem deu para descansar”. Qualquer motivo é motivo para não ir ao terreiro. Se o tempo está frio, chuvoso ou muito quente, não vai. Se “não está afim” arruma qualquer desculpa e não vai. Se espirrar, se pegar uma gripe ou resfriado leve, também não vai. E esquece-se, que muitos irmãos doentes procuram nossas casas em busca de alívio para seus males. Qual seria a lógica de um filho de fé não ir, se seria essa a oportunidade de encontrar sua cura? O Umbandista de fim de semana no dia de sessão age como se fosse mais um dia comum. Cultiva vícios, más palavras, más atitudes e intrigas. Não tem noção de que a espiritualidade já está agindo e que seu comportamento prejudica seriamente seu desenvolvimento.
O UMBADISTA VERDADEIRO realmente acredita naquilo que professa. Sabe que a espiritualidade está em todos os lugares e tudo que faz, faz com fé e amor, pois tem a certeza que os espíritos estão ali e irão, de alguma forma, auxiliá-lo, mesmo não sendo da maneira que ele esperava. Não se desespera com as provações, com os contratempos, com as peripécias da vida, pois sabe que é nos momentos difíceis que realmente somos lapidados.
O UMBANDISTA DE FIM DE SEMANA duvida do que professa. Não tem certeza das manifestações. É aquele que acredita que sendo Umbandista, nunca mais terá problema de saúde, que nunca mais terá problemas financeiros. Quando tais problemas aparecem, revolta-se e mais uma vez põe em dúvida sua religião. É aquele que acredita serem as entidades verdadeiros “gênios da lâmpada”, que tudo que ele pedir e quiser, elas terão que dar. Acredita que não haverá mais contratempo e que não passará por provações, pois as “entidades não vão deixar ele sofrer”.
E você? Em qual grupo de Umbandista está?
Se está na dos Umbandistas Verdadeiros, parabéns, continua buscando o aperfeiçoamento de sua fé e cumprindo sua missão.
Mas, se você está no grupo dos Umbandistas de fim de semana, é sinal que algo em sua vida está errado. Ainda é tempo de mudar! Aproveite essa oportunidade, pois o Reino de Oxalá é grandioso e iluminado, mas temos que merecer estar lá. Todos podem lá chegar, desde que façam sua “reforma íntima”, mudando a maneira de agir e de pensar, confiando mais naquilo que professa, cultivando as coisas positivas, buscando a elevação e entendendo que a Umbanda é a oportunidade que Deus nos deu para corrigir nossos defeitos, livrar-nos de nossos vícios e alcançar o progresso espiritual.
Ainda há tempo! Não perca o SEU Mestre de vista!
Avante filhos de fé!
Adaptação de um texto de: Fonte:TENDA DE UMBANDA "FILHOS DA VOVÓ RITA"